
sábado, 29 de dezembro de 2007
Palavras que falam ao coração...

Violência urbana... até quando?
O adiantado da hora e uma taça a mais de vinho não me alijam da reflexão. Pelo contrário, penso eu, aguçam a percepção. A violência urbana, por mais corriqueira que se apresente, continua a chocar. Destrói famílias, abrevia histórias, joga na vala comum sonhos e ilusões que agora são apenas passado ou mera lembrança dos que ficaram. Diariamente, vidas são levadas, não raro, estupidamente. Até quando deveremos nos curvar à ditadura da resignação? Eis o caminho natural para se superar a dor e conseguir levar a vida, depois do choque da perda. Até quando? Se olharmos para a justiça, restará a ampliação do desespero. Se olharmos para o ritmo natural da vida em sociedade, depararemo-nos com uma realidade ainda mais desesperadora. Ou seja, o desamparo é total. O que fazer? Jornais, revistas, estudiosos há muito tentam responder. Inutilmente, até agora. O homem, lobo do homem, segue sendo seu próprio algoz. Até quando a ditadura da violência pairará sobre nós?
sábado, 15 de dezembro de 2007
O mais bonito do mundo!
Não há como não se sentir a pessoa mais bonita do mundo, tendo sido tocado pela fortuna. Antes que, além da pessoa mais bonita do mundo, eu também me torne o melhor alvo para seqüestro-relâmpago do mundo, não me refiro aqui à fortuna financeira. Falo daquela outra, cujo significado pode ser boa sorte, ventura, êxito. E por quê? Bem, se eu quisesse abreviar o relato – não seria de todo mal, porque o espaço aqui é curto –, o simples fato de estar vivo e com saúde já me tornaria esse esplendor de beleza. De fato, que maravilha! Acordar toda manhã, olhar e sentir o dia nascendo, com seu frescor de sol brando e luz amena... não é um presente? O corpo acaba por captar o espetáculo e, tal como a lua, que reflete a poesia do sol, toma emprestado tamanho deslumbramento para gerar o seu. Aquilo que nos torna magistralmente belos vem dos primeiros instantes de nossas vidas. Eis a época em que a natureza, envaidecida de mais uma vez ter produzido o ser mais bonito do mundo (e são milhares todos os dias), deixa-nos com aquele aspecto tão encantador e tão peculiar dos bebês. Agora, aqui sentado no meu computador, ao som dos Beatles e com o violão no colo, espero pacientemente que a natureza repita o espetáculo. É a minha Laura que vem chegando. Só mais dois meses, pelos quais esperarei a reprise de uma apoteose única.
Sobre o prazer de escrever...

sábado, 8 de dezembro de 2007
A paternidade que nos encoruja
domingo, 2 de dezembro de 2007
Drama corintiano: torcedor também é culpado!
Que me perdoem os corintianos, que hoje amargam um dos dias mais tristes da história do clube, mas essa reação de "amor materno", incondicional, é uma das muitas causas da descenso do time à série B do ano que vem. Está "sobrando paixão" e faltando cobrança. Não vou aqui querer defender um time em detrimento do outro, mas já vi certa vez a torcida do Cruzeiro vaiando o time quando o placar lhe era favorável em três tentos a zero. Isso porque os jogadores se acomodaram na partida, pararam de correr e começaram a esbanjar um certo preciosismo pedante. Torcida tem que apoiar, claro! Mas também tem que cobrar, principalmente dos dirigentes. Futebol, além de uma fogueira de paixões avassaladoras, é também um baita negócio. A nota preta que o esporte movimenta faria qualquer assalariado brasileiro correr uma maratona sorrindo. Se deixar, os caras enchem os bolsos e deixam tudo como está. E se ficar passando a mão na cabeça, como vimos nas últimas rodadas do Brasileirão, o Corinthians já começa 2008 com a vaga garantida na série C em 2009.
sábado, 1 de dezembro de 2007
Exercício sociológico
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Argumento certeiro
Lendo hoje a Folha de S. Paulo, mais precisamente o caderno Folha Equilíbrio, não pude deixar de me encantar com a opinião de um leitor, sobre uma reportagem publicada na semana passada, no mesmo caderno, sobre a opção de não se ter filhos (e até mesmo a repugnância em tê-los). Estando então a cerca de 10 semanas de receber a nossa Laura - minha primeira filha "oficial" -, as palavras não deixam de ser emocionantes.
"Você não sente falta de filhos até a hora em que os tem. Aí, não sabe como ficou tanto tempo sem eles. Por coincidência, li a reportagem no dia em que eu e minha mulher levamos nossa filha de 23 anos para colar grau em medicina. Imaginem nosso orgulho. Acredito que gatos, cachorros ou bonsais nunca trarão essa satisfação" (Milton Mello Bonani)
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Viagens...
Dias quentes na capital. O solo impermeabilizado pelo asfalto só aumenta o desconforto. Andar pelo centro em dias como o de hoje é quase uma atividade esportiva. Felizmente, pelo menos as noites têm sido agradáveis. Deixo a casa aberta, para receber o frescor do vento úmido, anunciando chuvas de primavera. Dessa vez, ela não veio. Mas se fez lembrada e sentida. Amenizou o calor e deu brecha até para um capuccino, grande companheiro do teclado. Enquanto isso, vou descobrindo as maravilhas da nova câmera digital. Agora aprendi a me portar com a nova tecnologia. Não, o problema não é manuseá-la. O maior desafio é gerenciar o material obtido. Os megas e gigas só tornam a tarefa mais difícil. Nessas horas, até que sinto falta do limite das 36 poses. O que é pior: às vezes, os computadores também surtam. Recentemente, perdi TODAS as minhas fotos digitais. O acervo era de centenas... grandes momentos, e, principalmente, grandes viagens. De Ibitipoca então, eram uns 400 registros. Viraram fumaça. Restam-me as imagens gravadas na mente. E um pretexto para logo voltar. Não posso estar mais satisfeito! Nesse calorzinho então.... seria perfeito!
Sobre o medo
Ainda Rubem Alves, ainda Perguntaram-me se acredito em Deus. E seguem as lições diárias, as mensagens que me nutrem de conhecimento. Essa para mim é uma das grandes vantagens da leitura. Sim, ler é um hábito que nos enriquece culturalmente, fornece-nos informações e intepretações sobre tudo o que há no mundo (e sobre o que não há, mas que é tão necessário quanto), mas principalmente nos traz sabedoria. Sabedoria que se torna o melhor guia em situações-limite e mesmo nas casualidades do dia-a-dia.
"Os lobos continuam a uivar. E continuam a ser perigosos. O pastor não consegue espantar todos eles. E por vezes eles atacam e matam. Mas as ovelhas, ouvindo a música da flauta do pastor dormem sem medo, não porque não haja mais perigo mas a despeito do perigo. Não há jeito de acabar com o perigo. Mas há um jeito de acabar com o medo. Coragem é isso: dormir sem medo a despeito do perigo..."
Rubem Alves, em Perguntaram-me se acredito em Deus.
Cléo sobre o monitor
Reconquista de si
Sua vida não mais lhe pertencia. Deixou-a de lado. Abanonou a si próprio desde aquele primeiro encontro, para viver uma vida que não era sua. Não que bancasse um personagem. Simplesmente, anulava-se. Não tinha mais amigos, gostos próprios, opiniões. Tudo vinha daquela que ele amava. Mal podia imaginar que, desde a primeira abdicação, começava a cavar o fim daquela história. Afinal, relacionamento é via de mão dupla. Do contrário, vira uma aberração. Um monólogo. Agora, sentia que não tinha perdido só o seu amor. Perdera também a própria vida. E como seria difícil reconquistar a si mesmo!
domingo, 18 de novembro de 2007
Cada um com seus domingos
Rubem Alves tá mesmo rendendo nesse blog. Quem manda ser tão preciso? Seja nas próprias idéias, seja no arcabouço de leituras e referências, preciso.
"Alguns guardam o Domingo indo à Igreja -
Eu guardo ficando em casa -
Tendo um Sabiá como cantor -
E um Pomar por Santuário. -
Alguns guardam o Domingo em vestes bran-
[cas -
Mas eu só uso minhas Asas -
E ao invés de repicar dos sinos na Igreja -
nosso pássaro canta na palmeira. -
É Deus que está pregando, pregador admirável -
E o seu sermão é sempre curto.
Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final -
eu o encontro o tempo todo no quintal."
Emily Dickinson, citada por Rubem Alves, em Perguntaram-me se acredito em Deus
Um pouco de Cecília Meireles
"No mistério do Sem-Fim equilibra-se um
[planeta.
No planeta, um jardim.
No jardim, um canteiro.
No canteiro, uma violeta.
E na violeta,
Entre o mistério do Sem-Fim e o planeta,
O dia inteiro,
A asa de uma borboleta"
Cecília Meireles, citada por Rubem Alves, em Perguntaram-me se acredito em Deus
[planeta.
No planeta, um jardim.
No jardim, um canteiro.
No canteiro, uma violeta.
E na violeta,
Entre o mistério do Sem-Fim e o planeta,
O dia inteiro,
A asa de uma borboleta"
Cecília Meireles, citada por Rubem Alves, em Perguntaram-me se acredito em Deus
Efeito Borboleta

sábado, 17 de novembro de 2007
While my guitar gently sleeps
Semanas ou meses depois, o violão volta para o meu colo. Os dedos já não suportam tão bem a pressão das cordas. Nem o ritmo é o mesmo. De algumas posições, eu sequer me lembro. O som é meio estranho. As velhas melodias de outrora amargam o peso da melancolia. Sinto-me de volta à casa da infância: tá tudo ali e nada restou. Agora, enquanto toco este outro instrumento, desgraçadamente de maneira muito mais hábil, o violão repousa tristemente sobre o sofá. Olhando para ele, é como se pudesse ver espectros movendo-se por dentro da caixa, enclausurados não pelas cordas, mas pela minha negligência. Tanto tempo e o velho companheiro retomava um pouco da afinação, com esperança de que, como hoje à noite, eu o tomasse de volta e exorcizasse aqueles fantasmas, e no lugar deles resgatasse alguns dos tantos sorrisos que em outros tempos ele naturalmente despertara.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
E por falar em "por falar"
"Como um tumor
Ruy Castro
Cientistas da Universidade de Hiroshima, no Japão, criaram uma rã transparente, cujas intimidades ficam expostas e podem ser perfeitamente observadas pelo lado de fora. Com isso, salvaram-se gerações inteiras de rãs, porque os cientistas não precisarão mais dissecá-las para saber como reagem às substâncias que eles vivem lhes injetando. Outra vantagem é a de que poderão acompanhar uma rã por todo o seu ciclo de vida - o ciclo de vida da rã, claro, não dos cientistas. Para chegar à rã transparente, os japoneses, craques em engenharia genética, levaram anos cruzando exemplares de rãs albinas. E agora partiram para aperfeiçoá-la: vão fazer com que qualquer corpo estranho que apareça dentro da rã se acenda. Um tumor, por exemplo. Já no Marrocos, também nesta semana, os cientistas da Universidade de Rabat conseguiram com que um pato nascesse no ovo de uma galinha. Se isso lhe parece meio mixo (afinal, no mesmo dia, em Recife, uma avó deu à luz seus próprios netos, lembra-se?), saiba que a proeza marroquina é considerada mais importante, pelo fato de os palmípedes e os galináceos constituírem famílias diferentes.Por coincidência, é o que se está discutindo em Brasília nos últimos dias: um político gerado num ovo destinado a palmípedes pode se baldear no meio do mandato para o terreiro dos galináceos, por ver neste mais oportunidades para ciscar? Em princípio, não. Mas, e se o eleitor só quiser saber do pinto ou do pato, e não do ovo de onde ele saiu? Essas mudanças nunca são de graça. Assim, sugiro convocar os japoneses para cruzar nossos políticos com as rãs albinas e, com isso, criar políticos transparentes. Quando um deles recebesse um corpo estranho -uma propina, por exemplo-, esse corpo se acenderia. Como um tumor." (Foto: www.educacional.com.br)
E por falar em Gulliver...

"Quanto a ele, resumira a ciência de governar em estretíssimos limites, reduzindo-a ao senso comum, à razão, à justiça, à brandura, à rápida decisão dos processos civis e criminais e a outras práticas semelhantes ao alcance de toda a gente e que não merecem referência. Por fim, arriscou este estranho paradoxo que, se alguém pudesse fazer crescer duas espigas ou dois bocados de erva num pouco de terra onde antes só havia um, mereceria mais do gênero humano e prestaria um serviço mais essencial ao seu país do que toda a raça dos nossos sublimes políticos"
Curioso como tais idéias soam atuais! Parecem até remeter a países menos "fictícios". Na dúvida, troco um caminhão de "sublimes políticos" por duas espigas de milho. Ah, é claro, devolvo a diferença.
Crônica do "nunca mais"

Domínio Público

Para Laura
O texto abaixo eu escrevi para a minha filha Laura, que tá vindo por aí. Inspirei-me na ocasião do segundo ultra-som (primeiro que eu acompanhei), em que ela fazia questão de mostrar a mãozinha aberta, como a criança que mostra o brinquedo novo. A pequena parecia se descobrir. Parecia começar a se acostumar com o corpo que, ainda em formação, lhe fora dado.
"Como pode você, tão pequena, indefesa e vulnerável, tomar para si a minha vida, envolvê-la entre seus dedos miúdos e torná-la a mais repleta das experiências? Sou jovem ainda, tenho cá meus vinte e poucos anos, mas não imagino como viver neste mundo pode ser melhor do que sabendo que você, caprichosa e mansamente, vem chegando. Guarda pra si aí dentro o momento exato de ganhar o mundo, enquanto dele vem buscando a sua forma. De dentro para fora. Daqui, com meus olhos já não tão hábeis, te vejo “apenas” um maravilhoso borrão, a ganhar sua silhueta. Como a modelo, que se apanha surgindo na tela branca do artista, mas não tão imóvel. E quando te vejo, não na tela de uma moldura, mas em um fantástico televisor, seus movimentos, tão agitados e desajeitados, apresentam-se para mim como a mais bela expressão corporal que jamais ousei imaginar. São piruetas, cambalhotas, contorções e alongamentos, sofregamente acompanhados pelo meu olhar, agora mais ativo do que nunca. E penso cá com meus botões se tudo aquilo é de verdade, ou se não passa de mais alguma ilusão tecnológica, mais uma maravilha da realidade virtual. Não, você é de verdade. Uma verdade arrebatadora, que ao me apanhar em pleno vôo, só me fez voar mais alto, tão alto que seus pequenos olhinhos jamais poderiam me alcançar. E alcançar para quê, se é você que vem comigo? O vôo, que por tanto tempo foi-se solitário pelos cantões do mundo, em busca de aventuras e desventuras, aquieta-se, apaziguado, pois tem consigo a sua presença doce, a sua manifestação mais terna e encantadora. Preenche agora a minha vida de tal significação que ouso dizer jamais ter conhecido a verdadeira felicidade, antes de saber que você viria, antes de saber que você vem vindo, antes de te ver por aquela tela, dançando lindamente para me encantar ainda mais, como se necessário fosse. Deus já me abençoou com a paternidade uma vez, pois tratou de converter minha trajetória com a de seu irmãozinho Augusto. Ele vem agora repetir-me suas bênçãos. E é muito bom ter essa inédita sensação... pela segunda vez. É por isso que te espero, minha filha, carregado de todo o amor do mundo para recebê-la em meus braços, para sustentá-la em meu colo, e o peso do teu corpinho não será mais do que uma brisa, a soprar leve e docemente sobre mim. É assim que te espero, minha Laura. É assim que te vejo e te anseio. Desde sempre te vi. Desde sempre te imaginei. Desde sempre te quis. E por toda a eternidade serei grato a Deus, porque você me escolheu para chamar de pai."
"Como pode você, tão pequena, indefesa e vulnerável, tomar para si a minha vida, envolvê-la entre seus dedos miúdos e torná-la a mais repleta das experiências? Sou jovem ainda, tenho cá meus vinte e poucos anos, mas não imagino como viver neste mundo pode ser melhor do que sabendo que você, caprichosa e mansamente, vem chegando. Guarda pra si aí dentro o momento exato de ganhar o mundo, enquanto dele vem buscando a sua forma. De dentro para fora. Daqui, com meus olhos já não tão hábeis, te vejo “apenas” um maravilhoso borrão, a ganhar sua silhueta. Como a modelo, que se apanha surgindo na tela branca do artista, mas não tão imóvel. E quando te vejo, não na tela de uma moldura, mas em um fantástico televisor, seus movimentos, tão agitados e desajeitados, apresentam-se para mim como a mais bela expressão corporal que jamais ousei imaginar. São piruetas, cambalhotas, contorções e alongamentos, sofregamente acompanhados pelo meu olhar, agora mais ativo do que nunca. E penso cá com meus botões se tudo aquilo é de verdade, ou se não passa de mais alguma ilusão tecnológica, mais uma maravilha da realidade virtual. Não, você é de verdade. Uma verdade arrebatadora, que ao me apanhar em pleno vôo, só me fez voar mais alto, tão alto que seus pequenos olhinhos jamais poderiam me alcançar. E alcançar para quê, se é você que vem comigo? O vôo, que por tanto tempo foi-se solitário pelos cantões do mundo, em busca de aventuras e desventuras, aquieta-se, apaziguado, pois tem consigo a sua presença doce, a sua manifestação mais terna e encantadora. Preenche agora a minha vida de tal significação que ouso dizer jamais ter conhecido a verdadeira felicidade, antes de saber que você viria, antes de saber que você vem vindo, antes de te ver por aquela tela, dançando lindamente para me encantar ainda mais, como se necessário fosse. Deus já me abençoou com a paternidade uma vez, pois tratou de converter minha trajetória com a de seu irmãozinho Augusto. Ele vem agora repetir-me suas bênçãos. E é muito bom ter essa inédita sensação... pela segunda vez. É por isso que te espero, minha filha, carregado de todo o amor do mundo para recebê-la em meus braços, para sustentá-la em meu colo, e o peso do teu corpinho não será mais do que uma brisa, a soprar leve e docemente sobre mim. É assim que te espero, minha Laura. É assim que te vejo e te anseio. Desde sempre te vi. Desde sempre te imaginei. Desde sempre te quis. E por toda a eternidade serei grato a Deus, porque você me escolheu para chamar de pai."
Sozinho, às 19h.
Olhando para o porta-retrato empoeirado, sobre o criado, não conseguia conter a lágrima. Tampouco a respiração ofegante. A dor lhe doía no corpo e na alma. Cinco anos de intensidade. Agora, não restava mais nada, além de fotografias digitais salvas em pilhas de CD’s. E aquela foto, a única que ele uma dia decidira imprimir. Cinco anos que mereceram apenas um registro em papel. Era o sorriso mais espontâneo que ela já lhe dera, na primeira viagem dos dois juntos. Na foto, só ela. Agora, só, ele. Do outro lado da cidade, talvez ela chorasse as mesmas lágrimas. Ou sequer pensava nisso agora. A noite cai na cidade e nos indivíduos.
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Foram esses os primeiros passos para a primavera deste blog. Surgiu num click, como surgem os efêmeros romances de fim de noite. E como tal, não tem maiores pretensões. Se me servir de válvula de escape, já terá sido de todo útil. Aqui, as narrativas são curtas, às vezes não-lineares... talvez sem princípio e sem fim. É o meio que se justifica em si mesmo. A lousa da sala enquanto as crianças correm no pátio. Ou o piscante cursor do editor de texto piscando em Lin 1 Col 1.
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