sábado, 17 de novembro de 2007

While my guitar gently sleeps

Semanas ou meses depois, o violão volta para o meu colo. Os dedos já não suportam tão bem a pressão das cordas. Nem o ritmo é o mesmo. De algumas posições, eu sequer me lembro. O som é meio estranho. As velhas melodias de outrora amargam o peso da melancolia. Sinto-me de volta à casa da infância: tá tudo ali e nada restou. Agora, enquanto toco este outro instrumento, desgraçadamente de maneira muito mais hábil, o violão repousa tristemente sobre o sofá. Olhando para ele, é como se pudesse ver espectros movendo-se por dentro da caixa, enclausurados não pelas cordas, mas pela minha negligência. Tanto tempo e o velho companheiro retomava um pouco da afinação, com esperança de que, como hoje à noite, eu o tomasse de volta e exorcizasse aqueles fantasmas, e no lugar deles resgatasse alguns dos tantos sorrisos que em outros tempos ele naturalmente despertara.

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