sábado, 29 de dezembro de 2007

Palavras que falam ao coração...

Tenho uma mania incorrigível de anotar trechos marcantes de minhas leituras. Nisso, já cansei de deixar papeizinhos anotados dentro dos livros - e de perdê-los, lamentavelmente. Por isso, começo a organizar a minha mania no computador. Penso: não posso conceber que tão maravilhosas pérolas permaneçam adormecidas dentro dos livros que já li, e as recorto para a elas sempre retornar. Atualmente, acompanha-me "Ana Karênina", de Tolstói. De início, uma dessas preciosidades me surge: "Nada a distinguia das pessoas que a rodeavam. Quer na atitude, quer no traje. Liêvin, no entanto, logo a reconheceu no meio da multidão, tão distintamente como reconheceria uma rosa num ramo de urtigas. Parecia tudo iluminar, dir-se-ia um sorriso que tudo fizesse refulgir à sua volta. ‘Ousarei, realmente, descer até a pista e aproximar-me dela?’, pensou Liêvin. O lugar onde estava Kitty parecia-lhe um santuário inacessível, e por momentos sentiu tanto medo que pensou em fugir. Teve de fazer um grande esforço para se convencer de que Kitty, rodeada como estava por toda espécie de gente, não podia achar estranho que também ele ali aparecesse. Desceu até a pista, evitando olhá-la de frente, como se ela fosse o sol, mas, sol que era, também não precisava de a olhar para vê-la.”

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