quinta-feira, 28 de maio de 2009

Obstrução de pauta só funciona em parlamento que funciona

Se o governo, de fato, conseguir tirar da oposição o filé mignon da CPI da Petrobras, é bom que "demos", tucanos e afins pensem em outra estratégia para revelar sua insatisfação. Afinal, obstruir pauta de votações só funciona em congressos efetivamente produtivos. Definitivamente, esse não parece ser o nosso caso.
Pelo menos nos últimos anos, o Congresso Nacional resume-se, em vão, a tentar desfazer os nós do grande novelo de escândalos de ontem, de hoje e de sempre. Ou melhor, resume-se a aparentar fazê-lo.
Se pegarmos jornais e revistas dos últimos anos, impressos ou virtuais, vai ser difícil encontrar, nas editorias de política, notícias sobre a atividade legislativa em seu sentido primeiro e primário. E não é porque a imprensa goste de praticar o denuncismo. É porque, de fato, essa tal atividade legislativa, de tão ínfima, mal encheria notinhas de rodapé.
No senso comum, costuma-se criticar a morosidade do Poder Judiciário. No entanto, a letargia do Legislativo não fica atrás. Ou melhor, fica para trás. E muito. Projetos de lei e tantas outras matérias, sejam úteis ou frívolas, ficam relegadas ao último plano do "trabalho" dos congressistas. Mal e porcamente, vez em quando, batiza-se uma praça, uma rua ou um aeroporto. E só.
Por fim, um convite à reflexão: se tivéssemos uma empresa e fôssemos contratar um grupo de profissionais, empregaríamos pessoas que demonstrassem tal produtividade? Se a resposta é não, mantenhamo-nos em permanente vigilância, pois haverá seleção para as nossas empresas no ano que vem, e já passou da hora de conhecermos os postulantes às vagas abertas, que serão preenchidas e remuneradas pelos nossos bolsos.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A desafinação de Moraes e Moreira

Com os devidos pedidos de desculpas ao bom e velho "novo baiano" Morais Moreira, fantástico músico brasileiro, no Congresso, temos uma versão, digamos, desafinada de seu nome. Duplamente desafinada, diga-se de passagem: são os parceiros (ou seriam comparsas?) Moraes e Moreira, que se apresentam esporadicamente (e decadentemente) no anfiteatro maior, mais conhecido como Câmara Federal.
O primeiro atende pelo nome Sérgio e não se lixa nem para a própria cara-de-pau, agradecendo agora a imprensa pela farta exposição que teve graças à sua irrefreável verborragia (de fazer inveja até ao Lula no quesito impropriedade de opinião).
O segundo atende pelo nome Edmar, ou pela alcunha "deputado castelão". Assim como o anterior e tantos outros, também se lixa para opinião pública, até porque sua especialidade é o privado. Ou o público imoralmente servindo ao privado, ou tudo junto e misturado etc, etc. No caso dele, quanto mais truncada essa mistura, melhor e mais segura, já que segurança é o seu forte. Seu forte, não. Seu castelo.
Os dois se afinam, pois se equivalem e se merecem. E, mesmo assim, seguem desafinando juntos: na mesma ocasião, um era o riso de deboche, o outro o choro do cinismo.
Acima de tudo, é preciso ter estômago!

sábado, 16 de maio de 2009

Na CPI da Petrobras, Lula revela suas incoerências (mais uma vez)!

O que leva o nosso excelentíssimo presidente da República a pensar que a Petrobras é imune a desvios administrativos, morais, legais ou financeiros, e que não deva ser investigada diante dos recentes indícios de má administração?
Retomemos a edição do programa "Café com o Presidente" veiculado pela Radiobrás em 28 de maio de 2007. Na ocasião, o noticiário nacional repercutia a Operação Navalha da Polícia Federal, que resultou na prisão de políticos, servidores públicos e empresários.
Questionado sobre como avaliava a operação, Lula foi claro: "eu tenho dito (...) todo santo dia: sabe, se as pessoas não querem ser molestadas pelo Ministério Público ou serem molestadas pela imprensa, as pessoas que não cometam erros. Se não tiver erros, não há investigação a respeito das pessoas. Portanto, eu acho que é preciso que a gente estabeleça uma política de seriedade no Brasil. Todas as denúncias de corrupção, todas, sem distinção, contra quem quer que seja, serão investigadas".
Em suas considerações finais naquela mesma entrevista, Lula completou: "nós iremos investigar todas as denúncias que forem feitas, doa a quem doer, seja contra quem quer que seja. Se houver indícios de prova, o papel do governo é facilitar que a Polícia Federal faça investigação, que o Ministério Público faça investigação".
Não me parece "briga de adolescentes" o interesse de se investigar uma empresa, a maior do Brasil, que tem receitas líquidas superiores a R$ 40 bilhões e que reúne milhares de acionistas no Brasil e no exterior. Trata-se de uma questão de interesse geral, e, como tal, não deve ser subestimada como uma contenda partidária qualquer.
É fato que, numa CPI, não é a Polícia Federal nem o Ministério Público que investigam, e tais comissões muitas vezes tornam-se palco de queixumes partidários, que só distorcem o seu real propósito. No entanto, desvio é desvio, independente de quem o revele e o investigue, e, como tal, deve ser tratado e punido, se for o caso.
Em suma: mais irresponsável do que a criação de uma CPI para apuração de fatos é a incoerência do discurso, que se alterna ao sabor das conveniências. A propósito, quantas CPI's o então oposicionista PT de Lula tentou criar em outros tempos, e quantas já tentou abafar agora, que é governo?

terça-feira, 12 de maio de 2009

Acima de tudo e de todos, Sérgio Moraes!

Alguém precisa dizer ao senhor Sérgio Moraes que o Brasil, embora ainda tropece bastante, é um estado democrático de direito, e que a administração pública é regida, entre outros, pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência.
O nobre deputado (sinceramente, por puro merecimento, "nobre" aqui é mera formalidade) deve imaginar-se um poderoso caudilho, e, a opinião pública (todos nós), meros soldados rotos de sua excelência.
Não, o povo brasileiro e a moralidade política nacional não podem se ver reféns dos humores e rompantes do caudilho Moraes, em sua ignóbel empreitada de encastelar sua majestade Edmar Moreira.
E de onde vem o poder ou a sensação de poder de Moraes, para afrontar de forma tão flagrante tudo que se entende por decência? A resposta é simples: a boa e velha imunidade parlamentar, trincheira máxima tão utilizada pela classe para proferir impropérios sobre tudo e sobre todos.
Com o perdão pelo inevitável jogo de palavras, é devastador quando a imunidade parlamentar se torna meio para a impunidade parlamentar. Afinal, o corporativismo e o fisiologismo são portas para todo tipo de descumprimento dos tais princípios básicos do bom administrador.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Uma corja que não se lixa para nada!

Estranho seria se esse sujeito, que é acusado pelo Ministério Público Federal, entre outras coisas, de ter pago conta de disque-sexo com dinheiro público, se lixasse para alguma coisa que diga respeito à moralidade. O pior de tudo é saber que ele não está sozinho em seu jeito tão peculiar de "representar" o povo.
A desfaçatez e o escárnio desse elemento (não, não há outro termo mais adequado) só faz redundar o que se tem visto há muito: o Congresso Nacional é uma caixa-preta e fétida, que, não se contendo em si mesma, vem escretando seus dejetos não apenas sobre a opinião pública, mas sobre todo o povo brasileiro. Está desgraçadamente mergulhado em densa e insalubre nuvem de corrupção, incompetência administrativa, oportunismo financeiro, cinismo e completa alienação aos reais propósitos para os quais existe.
Grande parte dos seus ocupantes não perdem uma oportunidade de se proteger mutuamente, pelo mais nefasto espírito de corpo (eu diria "de porco", com minhas escusas aos pobres suínos, tão visados ultimamente). Essas casas têm desonrado gerações inteiras de homens de bem que por ali já passaram, zombando de tudo o que já se construiu relativo à vida democrática nacional.
Se esse arauto do deboche está certo em sua opinião de que a maioria da imprensa nacional é mentirosa, também devem ser de mentirinha todos esses castelos, mansões, passagens aéreas, nepotismos cruzados e tantos outros abusos recentemente revelados.
A velhacaria (quase) generalizada por baixo das abóbadas federais só faz evidente uma dura realidade: a única coisa pública para a qual essa trupe de fanfarrões se lixam é a grana que amealham enquanto brincam com o que há de mais sério na vida democrática de uma nação: a esperança de seu povo.
Ainda que diariamente aviltados, ainda que diariamente levando cusparadas no rosto, não percamos essa tal esperança de que, um dia, varreremos da vida pública essa vasta corja de picaretas e aloprados que parasitam os cofres públicos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Três Poderes abafados

Por que não podemos nos acomodar? Resposta rápida: porque tem gente grande acomodada demais, em instâncias oficiais.
Na capital federal, que já tem fama de ser uma cidade seca e abafada, abafar tornou-se mesmo palavra de ordem. Imperativo. Diretriz. Premissa básica. E o que é pior: nos Três Poderes. Pior ainda: simultaneamente.
Nas casas legislativas, a farra das passagens aéreas chegou às primeiras páginas com grande estrondo, como um avião em pleno pouso, ou como um caça que rompe a barreira do som. Houve muito bate-boca, muita choradeira e muito marido "exemplar" resmungando iminente crise conjugal pela ausência da esposa.
Constrangimento generalizado, justificativas enviesadas, até Michel Temer dar a canetada mágica, pacificadora e apassivadora, prometendo mais rigor na liberação de passagens. Rompeu-se a barreira do som para erguer-se a do silêncio, posto que os abusos cometidos até agora ficarão irremediavelmente impunes.
Mesma complacência de que se vale agora o Senado, pela canetada mágica de José Sarney. Percebe-se um monumental e conveniente desinteresse em se apurar as denúncias de corrupção na Casa, feitas pelo casal Zoghbi. A delegação de tal tarefa à Polícia Legislativa, subordinada aos próprios senadores, é claro indício de que, por ali, abafar é realmente preciso.
No Executivo Federal, Lula vê tudo o que acontece por perto como tempestade em copo d'água. Realiza publicamente um desagravo aos congressistas, taxando deteminadas críticas como se fossem rasgos de hipocrisia. Pela incontinência verborrágica, diz, por exemplo, que quando deputado, distribuiu passagem aérea a sindicalistas... e acha tudo normal.
A tríplice silenciosa termina justamente na Suprema Corte. Até hoje, não sabemos absolutamente nada sobre capangas, sobre atos de destruição da justiça brasileira e coisas afins. A estátua que representa a Justiça, além de vendada, parece amordaçada.
Enquanto líderes e representantes de todos os poderes convenientemente se amordaçam e buscam recorrentemente a tática do "abafa o caso", quem acaba abafado somos todos nós, que, como sempre, permaneceremos condenados à eterna benevolência do corporativismo oficial.

sábado, 2 de maio de 2009

Ataque verborrágico "do cara" - capítulo novo

Considerações sobre o novo ataque verborrágico de Lula, que: 1º) não se espanta com a farra das passagens aéreas; 2º) culpa a imprensa pelo estardalhaço e por requentar “notícia velha”; 3º) considera hipocrisia as críticas aos congressistas “viajandões” e; 4º) ainda sobre o tema hipocrisia, diz que deveria ser criado um dia para ela. Ufa!

Um dos mais severos problemas da nossa vida política é a desfaçatez de se fazer prosperar justamente aquilo que é tido como moralmente condenável, em benefício próprio. Ora, seguindo a “lógica” do raciocínio do “cara”, seria o caso de se deduzir que, se existem ladrões desde que o mundo é mundo, então o certo é que comecemos todos a roubar. Não importa se o escândalo é novo ou se até Lula já se beneficiou das passagens enquanto era deputado. O fato é que o cenário está errado e precisa ser moralizado.

Felizmente, a imprensa tem cumprido o seu papel de denunciar os abusos oficiais e deve continuar atuante, com ou sem as bençãos do “cara” ou de qualquer outro homem público. Dá para imaginar o quão mais grave seria o comportamento dos “300 picaretas” de Lula, em versão revista e aloprada, não fosse o exercício vigilante da grande imprensa?

Por fim, se deveria mesmo ser criado um dia da hipocrisia, há outras duas considerações: em primeiro lugar, não vai ser nada difícil, ainda mais num Congresso que se limita praticamente a apresentar projetos referentes a datas “comemorativas” (isso quando sobra tempo entre as explicações aos múltiplos escândalos). E, em segundo lugar, ficam sugeridas duas datas para o dia da hipocrisia: 06 de outubro ou 27 de outubro (datas do primeiro e do segundo turno das eleições que conduziram “o cara” ao poder.