quinta-feira, 12 de março de 2009

De olho no PPP Brasil. É só espiar! (Parte 3)

O Brasil continua sendo o PPP, ou País da Piada Pronta, na fala diária do intrépido José Simão. Mas o assunto que salta à vista nos últimos dias não tem a menor graça: desafortunadamente, são presença certa na grande imprensa os casos de abuso sexual contra crianças, no mais das vezes pelos próprios pais.
A coisa toda, de tão revoltante, provoca-nos sensações viscerais de repulsa. Ficamos nauseados, enojados, com tão hediondos ataques. Nem por isso podemos deixar que episódios como os que têm surgido caiam no esquecimento, ou que a repetição termine por banalizar essa atrocidade dentro de nossas mentes. Afinal, a julgar pelo posicionamento de certos bispos, aquele ato não é algo assim tão grave.
No entanto, cristãos ou não, sabemos que é. É atroz. Nefasto. Abominável. Nos rincões e nas metrópoles, gritos abafados pela inocência ou pela força bruta. O único ruído que ressoa da pobre vítima é a agonia silenciosa da lágrima que desce. Choque. A criança não faz ideia de toda a sordidez da agressão que lhe é imputada. Só posteriormente, talvez depois de alguns anos, estupefata, terá consciência de que foi levianamente corrompida. Só depois virá a saber que o seu vil algoz valeu-se de um corpo ainda em formação, de uma cabeça também em formação, para dar vazão ao mais cruel rasgo de doentia luxúria. Pior, valeu-se ainda da inabalável confiança que um filho ou filha deposita em seu pai, seu herói, aquele que, em sua cabecinha, estará sempre pronto a defendê-lo(a).
Não bastasse, em momentos de maior devastação, esses filhos da agonia geram outros filhos da agonia. De tão atroz, tal humilhação devasta até mesmo a dita ordem natural do nascer/crescer/reproduzir-se/morrer. Aleija a fase do crescer e, o que é pior, impõe uma morte em vida. Não é "apenas" a destruição de um corpo. É uma devastação de várias almas, em todas as suas minúcias.
O que a estupidez de certos bispos e congêneres não os deixa ver é que "só" a violência sofrida, em si, já é um aborto. Mas isso não interessa para aqueles déspotas da fé, arautos da intransigência. É coisa menor, nada que três "Ave-Maria" e dois "Pai-Nosso" não absolvam.

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