terça-feira, 17 de março de 2009

De olho no PPP Brasil. É só espiar! (Cap. 7)

E por falar em "boi de piranha", eis que o nobre senador José Sarney, presidente da Casa, resolveu expurgar o "mal do Senado". Exigiu que os mais de cem diretores entreguem seus cargos. Saiu dos bois e piranhas, mas se manteve no reino da bicharada, elegendo seus bodes expiatórios. E parece certo de que, com isso, vai exorcizar o Senado de um teimoso encosto que atende pelo nome de escândalo.
Tal medida, à primeira vista, pode até parecer correta, na medida em que busca lacrar uma importante e escancarada porta para vexames perante a opinião pública. Outros poderiam julgá-la radical, na medida em que extirpa indiscriminadamente a totalidade dos diretores, sem fazer a exata distinção entre justos e pecadores.
A mim, tal medida revela-se um desmedido embuste. Uma resposta troncha aos recentes episódios de desvios éticos, arquitetônicos, fiscais e tantos mais. Não vai além de distrair a opinião pública para razões outras, que não as verdadeiras mazelas do Senado, quais sejam a atuação (ou falta dela) dos próprios senhores senadores. Nepotismo terceirizado, farra aérea, vista grossa para horas extras muito suspeitas, entre tantos outros casos, são exemplos (ou maus exemplos) que vêm de cima. Se os senadores não se mostram fiéis observadores de uma conduta íntegra e alinhada aos interesses públicos, o que será das instâncias secundárias?
Enquanto isso, a gigantesca pauta do Senado dorme em berço esplêndido, à espera que os senadores saiam da atual letargia, do imobilismo crônico e ponham-se a produzir. Ou será que a "lógica" dos bônus por (im)produtividade já chegou às nossas terras?

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