sábado, 23 de fevereiro de 2008

A boa e velha madrugada!

É tarde da noite, na verdade, madrugada, que me encontro comigo mesmo e com minhas mais recônditas idéias. O silêncio no apartamento é convite ao pensamento, que viaja solto em meio a livros, discos e à solidão voluntária. O imperativo sono não deixa de dar o ar da graça, mas a vontade de curtir esse instante é maior. Não é sempre que o mundo me dá essas oportunidades. Cada vez mais compromissos, cada vez menos tempo livre... Tempo de flanar, para mim, tão fundamental quanto respirar. É nessas horas que me dou um descanso das obrigações – reais ou inventadas – e me ponho a divagar. Sou mesmo um ser da madrugada. Não foi sempre assim. Lembro-me que, mesmo depois da adolescência, sempre tive fascínio pelo dia. O sol me movia, como ainda me move. Amo acordar cedo, quando não estou muito cansado. Mas as noites, sobretudo as madrugadas, tornaram-se meu melhor alimento mental. Gosto de me permitir mágicos momentos de total introspecção. Não há melhor período para isso. A madrugada é um campo fértil para idéias de toda ordem. Seja para uma crônica, um poema, seja para um projeto ganhar a materialidade que o papel lhe proíbe... Por agora, tenho muito que ler. No entanto, motivo-me com a perspectiva de outro tanto que tenho a escrever. Minhas palavras, despretensiosamente, nunca foram tão produtivas quanto agora. Avanço por uma ascendente ciranda espiralada que, cada vez mais, me faz saborear o prazer de redigir o mundo. Pelo menos, o meu mundo, ou a maneira como eu o percebo.

Um comentário:

HELENA LEÃO disse...

heitor, também acho as madrugadas bastante inspiradoras...nada como uma taça de vinho, um cigarro de palha, um teclado à mão e várias idéias na cabeça...adorei o texto